Bastardo ou Trousseau
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- Categoria: cepas
Vamos começar com uma polêmica. Apesar de a maioria dos especialistas considerarem Bastardo e Trousseau como sinônimos que referem-se à mesma uva, para a OIV, essas ainda são cepas distintas.
A Bastardo é uma das uvas permitidas para a produção dos vinhos do Porto, no Douro, e dos fortificados Madeira, da ilha de mesmo nome. Apesar de ter uma característica bastante desejável para a produção de fortificados, que é a alta concentração de açúcares, a Bastardo não é valorizada entre os produtores de Porto e de Madeira, que claramente dão preferência para outras castas. Ainda em Portugal, também é utilizada para vinhos secos e encorpados nas regiões do Dão, Bairrada e Trás-os-Montes.
Já sob o nome Trousseau, essa é uma uva presente, também, fora de Portugal, principalmente na França, na região alpina do Jura, ao lado da Pinot Noir e da Poulsard.
Surpreende saber que a Trousseau adaptou-se bem ao ser plantada, ainda que em quantidades pequenas, na Califórnia, sob condições quentes e áridas, e também na Austrália.
A baixa popularidade da Bastardo, entre os produtores de Portugal, talvez seja parcialmente explicada pelos seus resultados absurdamente irregulares. Talvez também se explique pelo fato de não ser uma uva autóctone portuguesa, e sim, originária do Jura.
Já no Jura, por sua vez, ela é uma cepa bem vista em função de brotar tardiamente, escapando, dessa maneira, de muitas das primeiras geadas de primavera, típicas da região. Mesmo assim, os produtores locais ainda preferem a Pinot Noir.
O vinho produzido com a Bastardo, ou Trousseau, costuma ser profundamente pigmentado, e é encorpado, com aromas que remetem a cerejas pretas, frutas vermelhas, violetas e terra. A alta concentração de açúcares da uva traz a possibilidade de vinhos bastante alcoólicos, e também por isso, mais longevos.
A Bastardo já escapou de uma quase extinção, à época da filoxera. Agora, torna-se cada vez mais rara, perdendo terreno de seus vinhedos para outras cepas economicamente mais interessantes. Será que ela sobreviverá, novamente, ao risco de extinção? Isso só o tempo dirá!
Para saber mais sobre a filoxera, clique aqui. Ou então, para ler a respeito de outras variedades de uvas, clique aqui.
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